terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ditaduras na América Latina

O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.

Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.

Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.

A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.


Na América Latina

Como decorrência da guerra fria surgiram diversas ditaduras na América Latina. Grande número delas foi formado por golpe militar.
Sendo muito relevante o caudilhismo, que consiste na glorificação de um líder e na construção de um partido em torno dele e não de convicções políticas, ou ideologia.

A América Latina e Suas Lutas Sociais

A América Latina e Suas Lutas Sociais
Embora os países latinos sejam independentes desde o sec.XIX, eles ainda mantiveram laços de dependencia com os países capitalistas, iniciando com a Inglaterra e depois com osEUA.

Todas as forças estavam unidas: os reformistas e nacionalistas e também as de extrema esquerda. Eles queriam por completo a ordem reinante e assim se confrontaram com os grandes centros capitalistas, assim o anseio dos países latinos –americanos pela democratização e autonomia gerou pressões no sentido de reformular as estruturas vigentes, acontecendo as ditaduras militares, governos pro-libertação, movimentos reformistas , revolucionáriose guerrilheiros . Assim esta caracterizada a América Latina no sec.XX.



México
O México, após Agustín Itúbide ter declarado sua independêcia, em 1821, passou a viver um período de instabilidade política, sob a formação de ditaduras e de dependência econômica. As condições sociais se agravaram depois que o país saiu da guerra contra os EUA, em 1848, tendo perdido quase todo seu território. Além de sofrer intervenções estrangeiras sucessivas, inclusive dos franceses, de 1861 a 1867, tentaram estalar na região o governo Habsburgo de Maximiliano.

As lutas contra estrangeiros, que desorganizavam o país, e as condições que substituiam desde a época colonial proporcionaram a instalação da ditadura Pofírio Dias (1876- 1911). Durante o porfiriato deu-se uma intensa concentração fundiária e grande entrada de capital estrangeiro para a exploração e controle de recursos minerias e produção de artigos de exportação . Dessa forma o povo concentrado nas áreas rurais ficaram mais dependentes dos grandes senhores.

No início so sec.XX, esse quadro levou ao crescimento de insatisfação entre a população, o que provocou greves operárias nas cidades e revoltas nas zonas rural. Dessas lutas surgiram líderes populares como Emiliano Zapata ePancho Villa, que comandavam os camponeses na reivindicação de seus direitos, ao mesmo tempo parte da elíte comandada por Francisco Madero, se unsurgia contra a ditadura porfirista. Unido as for’ças os exércitos revolucionários depuseram Porfirio Dias, em maio de 1911.

Eleito presidente, o liberal Madero não implantou a esperada reforma agrária, esboçando tímidas medidas sociais. Em 1911, Madero foi assassinado e o general Victoriano Huerta reinstalou a ditadura, ligada aos interesses do EUA. Pancho Villa voltou a lutar contra as forças federais, enquanto Zapata liderava no sul a revolução camponesa pela reforma agrária. As pressões levaram Huerta a renunciar, em 1914, em favor de um governo constitucional liderado por Venustiano Caranza 1914-1915).

Em 1917, foi promulgada a nova constituição do país e Carranzo foi eleito presidente. Insatisfeito com o não –atendimento as suas reivindicações, especialmente a redivisão fundiária as forças populares continuaram em luta. Entretanto perderam forças, especialmente com o assassinato de Z apata em 1919 e o afastamento de Villa em 1920, sequido de seu assassinato em 1923.

Na década de 30, a reforma agrária motivou a revolução de 1910, ainda não fora realizada: mais de 80% das terras mexicanas estavam em mãos de pouco mais de dez mil mexicanos.As manifestações nacionalistas encontraram no presidente Lázaro Cárdenas (1934-1940) um representante que exprorpiou terras e compainhas estrangeiras, nacionalizou o petroleo e estimulou a formação de sindicatos camponeses. Com tais medidas o governo passou a chamar-se Partido da Revolução Mexicana, trasformado mais tarde em Partido Revolucionário Institucional (PRI) que controlou o país até 90.

Nestas décadas o latifúndio voltou a dominar a estrutura agrária do país, passando, a economia mexicana, a beira de colapso.

Diante da imensa divida externa e do grave quadro inflacionário do país, em 1990, o presidente Andres Salinas de Gortari boscou acordos internacionais que atraissem investimentos estrangeiros, especialmente dos EUA. A íntima vinculação ao bloco norte-americano, possibilitou a integração ao Nafta (Acordo norte-americano de livre comercio), oficializada a 1º de fevereiro de 1994, comemorando como uma passagem para o mundo desenvolvido.

A entrada do méxico no Nafta, foi imediatamente ofuscada pelo levante do exército zapatista de libertação nacional (EZLN), o qual tomou várias cidades no estado de Chipas, eles proclamavam a exigencia de pão, saúde, educação, autonomia e paz.

Os enfrentamentos e sucessivos acordos entre o governo de Adres e os camponeses revoltosos durante o ano 1994 contaram, com a turbulência eleitoral durante a campainha presidencial. Foram assassinados dois menbros do partido do governo (PRI), Luis Donaldo, candidato que estava a frente das pesquisas e José Francisco Massieu, secretári do partido.

Em meio ás acusações de envolvimento do governo nos assassinatos junto com escândalos de corrupção, a economia caiu na intabilidade, enquanto Ernesto Zedillo, venceu as eleições e assumi em 1994.

No ano sequinte os escândalos continuaram a crescer, sequidos do agravamento da questão social, do desemprego, da atuação zapatista, da amior instabilidade financeira do país e do desenquilíbrio do partido revolucionário. E novamente o país cai num verdadeiro caos economico, precisando da ajuda dos EUA.

Enquanto Zedillo creditava a crise ao seu antecessor, ficava patente o descompasso entre as soluções de uma economia demercado, tão defendida na globalização economica capitalista.




Chile
Substituindo o governo de Eduardo Frei, do partido Democratico Cristão, foi eleito Salvador Allende, em 1970, da unidade popular, compostos pela aliança dos socialistas e comunistas . Sua vitória foi o resultado de um longo período de lutas populares no Chile, de uma elaborada política de união das forças de esquerda de do deliberamento do grupo conservadoe chileno.

A vitória socialista desencadeou uma mobilização social, com invasão de terras e ocupação de fábricas, presionando o governo a ir além de seus propósitos originais. O resultado foi a rearticulação das forças conservadoras, o que provocou sabotagens e instabilidade. Ao mesmo tempo, os EUA, governados por Richard Nixon, já contrários a um regime socialistas no continente , viram-se desafiados com a nacionalização de diversas empresas norte-americanas que atuavam no Chile. Sua resposta foi custear as campanhas que desencadearam a desestabilização do governo Allende, fortalecendo o desezo golpista da cúlpula militar chilena. De 1970 a 1973, as forças armadas chilenas, sob comando de Augusto Pinochet, bombardearam a sede do governo, o palácio presidencial de La Moneda, numa ação que levou Allende a resistir até a morte.

Ao assumir o governo, Pinochet estabeleceu uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Na década de 80, as pressões populares e internacionais sob a ditadura chilena de Pinochet avolumaram-se e, de1987 a 1988, diante da distensão nas relações internacionais e do esgotamento político interno, as pressões pela democratização tornaram-se irrefreáveis.

No início de 1990, buscou-se no Chile uma transição pacífica para a democracia, por meio de eleições presidenciais, as quais foram vencidas por Patrício Aylwin zocar, candidato pela Frente Oposicionista Acordo pela . Democracia. Pinochet, no entanto, continuou no comando do exército chileno.

O presidente Aylwin foi sucedido, em 1994, por Eduardo Frei, enguanto Pinochet permaneceu à frente do poder militar chileno. Contudo, em 1995, emergiu uma séria crise política, quando a Corte Suprema determinou a prissão dos principais chefes da polícia secreta da ditadura.

Na economia desde a época da ditadura de Pinochet, o país assumiu as receitas neoliberais, crescendo num ritmo bastante rápido e continuou na mesma situação com os governos pós-Pinochet . Os avanços e a instabilidade financeira fizeram do Chile um dos países sempre citados como exemplo de sucesso no processo de abertura típica economica dos anos 90em economia capitalista globalizada. Com uma inflação que pulou dos 285 ao ano, em 1990, para os 8,3%, em 1994, além da média, em cinco anos seguidos, de crescimento do PIB de 6%, um terço dos chilenos continua vivendo na pobreza, ganhando menos de 100 dólares por mês.




América Central
Até a época da independência mexicana (1821), a região incluía o México e ,quando ele se separou, ela recebeu o nome de Províncias Unidas da América Central. Em 1838, os interesses das elites locais dos EUA e da Inglaterra, defensores do lema dividir para reinar, propiciaram a formação de diversos estados autônomos na região: Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica, aliados as tradicionais potências capitalistas, especialmente EUA.

Para garantir seus interesses na região, os norte-americanos fizeram diversas intervenções armadas, como no Panamá, em 1903, garantindo o controle da zona do Canal, e outras que buscavam sufocar os movimentos guerrilheiros locais , como o líder camponês nicaragüense Augusto César Sandino, Além disso mantiveram a região sob seu controle por meios economicos e diplomáticos desprezando os princípios da ONU e OEA.

Apesar disso nos fins dos anos 70, os movimentos populares cresceram na América abalando a supremacia norte - americana . O principal exemplo dessa nova conjuração foi a Revolução Sandinista de 1979, na Nicarágua que derrubou a ditadura de Anastácio Somazo, também o Panamá consequiu acordos com o governo Carter na qual os EUA se comprometia a devolver o canal ,à soberania panamenha.

Entretanto a posição da força norte-americana nunca foi abandonada, e com apoio dos contra nicaragüenses os EUA conseguiram a desorganização internacional da Nicarágua. Nas eleições Daniel Ortega líder sandinista foi derrotado, cabendo a vitória a Violeta Chamorro, pró-EUA.

Durante sua presidência, ele aproximou-se dos sandinistas, apesar das pressões dos EUA, a ONU, em 1993 a ONU rompeu com o presidente, seguindo-se um agravamento político na Nicarágua.

Outra demonstração da diplomacia do canhão foi a invasão do Panamá em 1989, que derrubou o presidente Manuel Noruega, acusado de envolvimento com drogas, ele foi preso e levado para os EUA para julgamento.

Outra intervenção norte-americana aconteceu no Haiti em 91, dessa vez para reempossar o presidente democraticamente eleito Jean-Bertrand Aristide, deposto por uma junta militar. A operação contou com 20 mil soldados e garantiu seu mandato até emergirem provas do envolvimento da CIA com o governo anterior à democratização.

O duradouro estado de guerra na América Central reforça a pobreza e a miséria comum a toda América Latina, ativando a ebulição política ideológica.

Para o conjunto de países latino-americanos o empobrecimento da maioria da população, tem exigido políticas inovadoras bancadas por partidos reformistas e de centro. Substituindo ditaduras, subiram ao poder presidentes eleitos diretamente em quase todos os países. As propostas liberais e reformistas dos partidos de centro e de direita ganharam corpo, desbancando as propostas da esquerda.

De acordo com a política neoliberal, busca-se o saneamento econômico interno, a abertura dos mercados nacionais ao capitalismo internacional e a diminuição do Estado exugando-o com a privatização de empresas do governo e da diminuição dos gastos públicos. O sucesso econômico não tem conseguido favorecer a maioria da população propiciando cada vez mais o aumento do poder das megaempresas nacionais ou multinacionais.

O mais grave é a recente democratização conseguida em quase todo o continente, começou a apresentar baixas, como aconteceu no Peru em 1992, o presidente Alberto Fujimori fechou o congresso e concentrou todo o poder em suas mãos ignorando a constituição e anulando direitos, o principal sucesso do presidente foi ter diminuído a ação do grupo terrorista Sendero Luminoso, sem ter revertido o quadro social.

Certamente, é a ampliação da democracia dando voz e força à maioria da população latino-americana . Assim a política neoliberal e a globalização econômica que envolve os diversos governos latino-americanos, continua a quadrar o dilema da nova ordem internacional do pós- Guerra fria .

Refletindo os novos tempos, os muitos movimentos revolucionários nascidos no período da Guerra Fria estão em composição com os governos locais , outros em claro refluxo, alguns em extinção ou talvez até em drmência momentânea. Deles, tão destacados pela impresa internacional como representantes da turbulência ininterrupta continental, citavase o Unidade Revolucionária Nacional, da Guatemala e cidade do México da frça popular revolucionária Lorenzo Zelaya e outros, porém os mais significativos são:

• Frente Farabunda Martí de Libertação Nacional : criado em 1980, em El Salvador e Honduras, buscava a implantação de um regime comunista tradicional como o soviético.

• Movimento 19 de abril (m-19) : fundado em 1970 na Colômbia, combatia o governo defendendo a instalação de um regime popular nacional . No início dos anos 90 junto com outros grupos revolucionários buscou o fim da confrotação militar e a consolidação democrática.

• Sendero Luminoso: fundado em 1969 no Peru com base na guerrilha rural, buscava a fundação de estado indígena soberano. Com forte inspiração maoísta chinesa, desde o início dos anos 90 tem sido a organização mais ativa de todo o continente.

• Movimento Revolucionário Tupac-Amaru: fundado em 1984 no Peru, por estudantes universitários, seque os ideais marxistas sem a xenofobia dos senderistas, apresentando-se como seu rival no norte do país.


América latina se torna berço de ditadores 

Nos últimos tempos, a população latino-americana tem assistido a mudanças constitucionais promovidas por diversos líderes políticos que desejam prolongar ou até eternizar sua presença à frente de seus países. E a intenção deles não é nada louvável. O objetivo é manter-se líder para desfrutar de benefícios que a política pode oferecer.
E ainda pior é a forma pela qual tais autoridades se perpetuam na presidência de nações com instituições políticas fracas. Medidas ditatoriais, como o fechamento de órgãos de imprensa de oposição, é a marca de líderes populistas. Basta ver o comportamento de Hugo Chávez, presidente venezuelano.
Seguindo a cartilha escrita por Chávez, estão Daniel Ortega, da Nicarágua, Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, líder boliviano. No caso da Nicarágua, um grupo de juízes da Corte Suprema daquele país acatou recurso do próprio presidente, exigindo a anulação do artigo constitucional que impede a reeleição. Dezesseis dos magistrados do tribunal foram nomeados por Ortega, o que facilitará a obtenção dos nove votos necessários à derrubada do artigo. Um golpe perfeito.Todos os nomes mencionados têm em comum a capacidade de empregar os meios democráticos para se perpetuar no poder. Reescrevem a Constituição, convocam Assembléias Constituintes e usam referendos.
Triste exemplo dado pelos políticos latinos. Mais uma vez, é importante lembrar o papel do povo. Diante das urnas, é preciso pensar bem antes de votar. Vale ainda acreditar na força do voto como instrumento de combate às ditaduras da América Latina.     

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